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O tarifaço dos EUA ajudou a diminuir os preços dos alimentos no Brasil?

IGUATEMI INFORMA 06/11/2025
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No 2º mês do tarifaço, Brasil vendeu mais do que comprou no exterior, mas em volume menor
Exatos três meses depois de entrarem em vigor, as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre 36% das exportações brasileiras ao país tiveram impactos menores do que se esperava sobre o preço dos alimentos no mercado interno, mostram dados analisados pela DW e especialistas ouvidos pela reportagem.
Um dos vilões da conjuntura econômica do Brasil no início deste ano, o grupo de alimentos e bebidas do Índice Geral de Preços ao Consumidor (IPCA) registrou queda de 1,17% no acumulado dos últimos quatro meses.
De janeiro a maio, a inflação desse grupo chegou a 3,82%, fazendo com que famílias de todas as classes sociais readequassem hábitos de alimentação, como uma reportagem da DW mostrou em março. Em 2024, mais do que isso, os preços dos alimentos e bebidas tinham subido 7,69%, num patamar acima da taxa geral (4,83%) do ano.
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Assim, quando o tarifaço foi anunciado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, no começo de julho, algumas análises apontaram que a medida faria o preço da comida no país subir mais, já que, com a restrição tarifária ao mercado dos EUA, a produção brasileira tenderia a cair.
O Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, foi um dos que conjecturou essa possibilidade no fim daquele mês.
A hipótese, ainda, era que os efeitos seriam mais intensos sobre os produtos que permaneceram taxados depois que os EUA publicaram uma lista de 694 exceções, como carne, café e algumas frutas – como uva e manga, por exemplo.
Especialistas ouvidos pela reportagem apontam, porém, que o tarifaço não surtiu esses efeitos por uma série de motivos, que vão do esforço do governo brasileiro em buscar novos mercados às próprias dinâmicas dos setores afetados pelas taxas.
Reposição de mercados
Café, carne e frutas, como a manga, estão entre os alimentos brasileiros atingidos pela sobretarifa de 50% dos EUA
g1
André Braz, economista que coordena os Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Ibre), acredita que as tarifas, na verdade, ajudariam a baixar os preços dos alimentos de qualquer maneira.
Isso porque a produção antes enviada ao mercado dos EUA, agora taxada, passaria a ser ofertada mais ao consumo interno. Seria uma consequência suficiente para impedir a esperada redução produtiva. “Então, o tarifaço desaceleraria a inflação da comida no país por si só”, observa ele.
Na verdade, aponta ele, o que fez a comida baratear no Brasil de junho para cá foi, principalmente, a valorização do real frente ao dólar, moeda utilizada no mercado internacional. O câmbio entrou em 2025 cotado acima de R$ 6 e, hoje, está perto de R$ 5,50, um valor ainda elevado em comparação a anos passados. Os resultados positivos das safras – sobretudo de arroz e feijão, e ainda da produção de carnes – também foram determinantes para a retração.
Na análise dele, como o Brasil conseguiu encontrar mercados substitutos ao dos EUA com rapidez – principalmente na Ásia, também taxada por Trump, não houve tempo para que a produção excedente desaguasse no mercado brasileiro e jogasse os preços para baixo. “Isso foi mais relevante no caso das carnes, porque o produto brasileiro, além de bom, está mais barato no mercado internacional, já que o real ainda está desvalorizado”, diz ele.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MIDC) publicou um relatório há alguns dias mostrando, de fato, que o Brasil subiu as exportações da sua agropecuária em 18% em setembro – mês seguinte à entrada em vigor das tarifas dos EUA.
No cômputo geral, que inclui todos os tipos de produtos, a corrente de comércio brasileira cresceu 12% no período em comparação ao mesmo mês de 2024.
Nesse intervalo, o país expandiu as vendas de commodities agrícolas para alguns dos seus principais clientes no continente asiático, sobretudo a China (alta de 15% em setembro) e a Índia (124%), mas também para atores menores nesse jogo de trocas internacionais, como Cingapura (133%) e Bangladesh (80,6%).
Já na relação com os norte-americanos, as remessas de produtos taxados caíram 25,7% em setembro, pelos dados da Câmara do Comércio para o Brasil (Ancham). O intrigante é que, mesmo com as tarifas, as vendas de carnes (6,9%) e café (66%) para os Estados Unidos subiram no mês, indicando sobrevida do mercado mesmo com o vigor das taxas.
Exportações brasileiras para os EUA desabam com o tarifaço, mas vendas para outros países compensam
Jornal Nacional/ Reprodução
“O resultado disso é que o tarifaço, que poderia ter resultado em uma queda mais intensa do preço da comida no Brasil, registrou retração mais modesta, já que não sobrou tanta produção assim por aqui ao mercado interno”, complementa Braz.
Se, por um lado, a diminuição desses últimos meses não foi suficiente, ainda, para repor a elevação do ano passado e do primeiro semestre de 2025, por outro, Braz já calcula que a inflação geral do Brasil deve ser impactada pelo fenômeno. “Como nós já temos uma previsão de que os alimentos e bebidas vão cair em outubro [os dados serão divulgados na semana que vem], é muito possível que o país termine o ano dentro do intervalo da meta”, explica, em referência ao teto de 4,5% de alta nos preços definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no começo do ano.
“Em janeiro, a expectativa era que a inflação ficasse em 8% em 2025. Agora nós já estamos trabalhando com uma taxa de 4%. Caiu pela metade, e muito por conta do comportamento dos preços da comida”, revela.
Pressão sobre preços em dólar
A economista Cristina Helena de Mello, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), por sua vez, entende que o tarifaço exerceu papel mais decisivo na retração dos alimentos no mercado brasileiro, à medida em que ele pressionou para baixo os preços das principais commodities do país no mercado global.
Ela observa que, de um lado, as tarifas encareceram a comida para o consumo dos norte-americanos, mas, de outro, obrigaram países produtores a sair em busca de novos clientes, tentando atraí-los com preços mais baixos. “Quando nós perdemos os Estados Unidos, que são grandes compradores, nós precisamos compensar em outros mercados. O efeito disso foi uma diminuição dos preços das toneladas, em dólar, que nós colocamos nesses mercados, de forma a repor a perda”, explica ela.
O impacto, então, é sentido no mercado interno, já que uma cotação mais baixa lá fora também desinfla os preços internamente.
A má notícia, observa Mello, é que a retração dos alimentos no país é temporária. Isso vai acontecer porque, na contramão da análise de Braz, ela espera por uma redução na produção agrícola nos próximos meses – e não apenas por conta da variação das safras. “É que, com as tarifas, as expectativas dos produtores com as vendas futuras estão baixas. Eles estão pessimistas. Além do mais, vamos começar a passar pelo verão, um período de chuvas intensas que geram enchentes e, para alguns casos, significa quebra produtiva”.
“Então, vamos ter uma estabilização dos preços e, para alguns segmentos, até uma alta”, completa.
Para Patrícia Lino Costa, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o principal problema disso é que, depois, muitos desses preços não voltam a patamares anteriores. “Uma vez que a carne sobe, ela nunca mais volta ao valor de outrora. O preço alto vira o padrão. Isso impacta na forma como as pessoas se alimentam. O café, logo mais, vai deixar de ser um item comum na mesa dos brasileiros, por exemplo.”
Impactos setoriais
Preço do café deve cair até o fim do ano, mas em ritmo lento; entenda
Para ela, que também é economista, as tarifas dos EUA passaram a vigorar em meio a conjunturas de produção variadas e, por isso, impactaram os alimentos de maneiras diferentes. O café é o melhor exemplo disso, aponta ela.
“De outubro de 2024 em diante, em meio a uma crise de outros países produtores, o Brasil recebeu uma pressão muito grande. Os contratos futuros do café na Bolsa de Nova York passaram a influenciar o preço no presente. A especulação joga um papel central nesse processo”, diz ela, lembrando da elevação de 143% no preço interno do café em 2024, segundo uma pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP).
“Daí, em julho, veio o tarifaço do Trump, durante a época de colheita. Com isso, a oferta para o mercado brasileiro cresceu e o preço caiu um pouco”, continua, “mas não o suficiente para voltar aos níveis de 2019, 2020”. Pelos dados do IPCA, o quilo do café retraiu 2,17% em agosto em comparação a julho, mas permanece vendido a cerca de R$ 60 o quilo.
É um exemplo, para ela, de como as tarifas ajudaram a desinflar os preços – o que, de outra forma, não aconteceria.
As carnes – que foram mantidas na lista de produtos taxados por Trump –, por sua vez, devem ficar mais caras a partir do próximo mês, calcula Costa. “É que, neste caso, a entressafra está começando. É um período de queda nos abates de animais e, além disso, tem o nosso grande volume de exportação à China. Sobra menos no mercado interno e, daí, o custo sobe.”
Em 12 meses até setembro, o preço da carne bovina subiu 22% no Brasil, pelos dados do IPCA. Porém, está em queda nos últimos dois meses: -0,47% no mês de agosto e 0,31% em setembro. Na análise da economista do Dieese, esses números não capturam o fenômeno da substituição que, no cotidiano, mantém o consumo de proteína das famílias.
“Quando o consumidor não consegue comprar carne de primeira [qualidade], ele migra para a de segunda – que, no Brasil, historicamente é o frango. Daí começa o aumento da demanda desse produto, que faz o preço subir. Os índices pegam só a elevação no valor, mas não essa mudança de um para o outro”, explica ela.
Mudança na conjuntura
Mas, se os mercados globais, sobretudo da Ásia, repuseram o excedente do Brasil, o recente acordo dos Estados Unidos com a China pode mudar esse panorama de novo, nota André Braz, do FGV-Ibre.
Com a assinatura do pacto, feita na Coreia do Sul, no fim de outubro, mercadorias chinesas estão entrando no mercado norte-americano, agora, com 47% de taxa.
“Neste momento, o Brasil está no teto das tarifas dos EUA [ao lado da Índia]. Não é a posição de antes, o que significa que, a partir de agora, estamos em desvantagem. Vai sobrar pouco espaço para novas quedas dos alimentos – até porque uma parte do acordo dos EUA com a China envolve, justamente, a volta das compras de soja norte-americana pelos chineses”, diz ele.
“Em poucos dias teremos uma posição sobre nosso acordo com os EUA, mas, para fins estratégicos, temos que seguir criando parcerias com outros mercados.”
Para Patrícia Lino, do Dieese, a preocupação cai mais, justamente, sobre a soja, o carro-chefe do agronegócio brasileiro. No ano passado, a China comprou, no total, 105 milhões de toneladas de soja – sendo que 71% desse montante saiu do Brasil, pelos dados da Organização Mundial do Comércio (OMC). No balanço de 2024, ela foi a principal mercadoria agrícola exportada – tanto em quantidade quanto pelos montantes envolvidos.
“O acordo preocupa, sem dúvidas”, admite ela, “porque é um grande comprador e uma nova dinâmica no mercado global. Mas é outra maneira de pressionar nosso país a diversificar suas culturas”, finaliza ela.

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