
Ministério Público investiga se racismo em creche em Ribeirão Preto é comum
O promotor de Justiça Naul Felca informou nesta terça-feira (28) que o Ministério Público vai investigar se o caso de racismo denunciado pela mãe de uma criança de 3 anos dentro de uma creche em Ribeirão Preto (SP) é isolado ou comum na rede pública de ensino.
Segundo ele, o MP vai solicitar à Secretaria de Educação os projetos utilizados em todas as escolas municipais para análise.
“Isso pode representar um fato isolado, mas também pode demonstrar aqui uma falha sistematizada da Secretaria Municipal de Educação na hora de atuar de maneira concreta e efetiva. [A solicitação dos projetos serve para] Não só investigar, mas evitar a repetição de fatos dessa natureza e, principalmente, em sendo o caso, a punição dos responsáveis”.
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Na semana passada, a auxiliar de logística Natasha Cavinatti Fonseca acionou a Justiça para solicitar investigação por causa de lesões e situações vexatórias que, segundo ela, a filha tem enfrentado.
À EPTV, afiliada da TV Globo, Natasha disse que recentemente a filha chegou em casa com uma falha nos cabelos e contou à mãe que a professora teria arrancado parte dos fios com um pente. (veja mais acima)
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Os episódios dentro da creche, ainda segundo Natasha, acontecem desde o começo do ano. Ela é mãe de gêmeas e afirma que a outra filha, que tem a pele mais clara, não passa pelas mesmas situações que a irmã.
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Arquivo pessoal
As meninas estudam no Centro Educacional Infantil Professor Hortêncio Pereira da Silva, no Jardim Aeroporto, zona Norte de Ribeirão Preto.
“Eu não desejo pra ninguém. Não é fácil, não. A gente engole, mas não é não. Quero que eles tratem ela igual tratam todas as crianças. Ela não é diferente de ninguém, é igual a todo mundo, todas as crianças. E eu quero que tratem ela igual a todas as crianças, que cuidem dela igual cuidam de todas as crianças”.
A Secretaria da Educação de Ribeirão Preto informou, por meio de nota, que o caso está sendo devidamente apurado, com o apoio do Centro de Referência em Educação para as Relações Étnico-Raciais (CRERER) do município.
De acordo com a pasta, o processo está sob análise da Corregedoria Geral do Município, instância competente para julgar ocorrências desta natureza.
Na quarta-feira (22), a creche divulgou uma nota informando que “jamais adotou, compactuou ou tolerou qualquer tipo de comportamento que desrespeite a dignidade humana”.
“Somos uma instituição séria, acolhedora e comprometida com a educação, o cuidado e o respeito, que sempre prezou pelo bem-estar e pelos direitos de todos os alunos.”
Apesar disso, a unidade ressaltou que os fatos estão sendo apurados e disse que confia “na verdade e na integridade do trabalho desenvolvido por esta comunidade escolar”.
Situações de discriminação e negligência
No documento, a defesa de Natasha afirma que a criança tem passado por uma série de situações de discriminação racial, negligência e violência física e psicológica desde o começo do ano.
“Em um outro momento já foi feito um boletim de ocorrência e foi arquivado. Então agora, por meio dessa notícia-crime, a gente está forçando com que a autoridade policial, o judiciário façam uma investigação para apurar os autores desse crime e a materialidade desse crime também”, disse Débora Oliveira, uma das advogadas à frente do caso.
À EPTV, afiliada da TV Globo, Natasha contou que o episódio que terminou no registro de um boletim de ocorrência aconteceu em março deste ano, durante uma atividade escolar em que fotos das crianças foram disponibilizadas em um mural.
A imagem da filha não constava no trabalho final. Quando a mãe questionou a professora, a foto da filha foi incluída, mas em um outro espaço.
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