
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
O dólar opera em queda nesta terça-feira (23), recuando 0,54% por volta das 12h05, cotado a R$ 5,5536. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, avançava 1,00% no mesmo horário, aos 159.730 pontos.
Apesar do calendário encurtado às vésperas do Natal, o dia reserva uma agenda relevante para os mercados. Indicadores como a prévia da inflação no Brasil e da atividade econômica nos EUA, além de ruídos políticos, ajudam a moldar o humor dos investidores.
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▶️ No Brasil, o IPCA-15 avançou 0,25% em dezembro e acumulou alta de 4,41% em 12 meses, permanecendo dentro do teto de tolerância da meta de inflação do Banco Central. O resultado veio levemente abaixo das projeções do mercado, que apontavam alta de 0,27% no mês e inflação de 4,43% no acumulado anual.
▶️ Nos Estados Unidos, o mercado repercute a divulgação do PIB do terceiro trimestre, que apontou crescimento anualizado de 4,3%, acima das projeções, que indicavam avanço de 3,3%..
▶️ Ainda na agenda americana, saem números da produção industrial de novembro, com previsão de leve avanço, além dos indicadores de confiança do consumidor e de novas moradias, que ajudam a avaliar o fôlego do consumo e do mercado imobiliário.
▶️ No mercado internacional, o ouro segue perto da marca de US$ 4.500 por onça, após atingir recorde de US$ 4.497,55. A valorização no ano já supera 70%, impulsionada por busca de proteção, expectativa de cortes nos juros americanos, compras de bancos centrais e tendência de desdolarização.
▶️ Por fim, vale lembrar que a B3, a bolsa brasileira, não terá pregão amanhã (24) nem na quinta-feira (25), o que encurta a semana e tende a reduzir a participação dos investidores. Com isso, a expectativa é de menor liquidez ao longo do dia, um ambiente que costuma intensificar as oscilações dos preços.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado:
💲Dólar
a
Acumulado da semana: +0,99%;
Acumulado do mês: +4,66%;
Acumulado do ano: -9,65%.
📈Ibovespa
C
Acumulado da semana: -0,21%;
Acumulado do mês: -0,58%;
Acumulado do ano: +31,47%.
Prévia da inflação
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial do país, avançou 0,25% em dezembro, segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo IBGE. Em dezembro de 2024, o índice havia registrado alta de 0,34%.
Com esse resultado, o IPCA-15 encerra o ano com inflação acumulada de 4,41%, permanecendo dentro do intervalo da meta perseguida pelo Banco Central.
A variação de dezembro ficou 0,05 ponto percentual acima do resultado de novembro, quando o IPCA-15 avançou 0,20%. Ainda assim, o número veio levemente abaixo das expectativas do mercado, que projetavam alta de 0,27% no mês e inflação de 4,43% no acumulado de 12 meses.
Dos nove grupos de produtos e serviços que compõem o indicador, sete apresentaram aumento de preços em dezembro. O maior avanço e também o principal impacto sobre o índice vieram do grupo Transportes, que subiu 0,69% no mês e respondeu por 0,14 ponto percentual do resultado total.
Em sentido oposto, o grupo Artigos de Residência registrou queda de 0,64%, retirando 0,02 ponto percentual do índice. Esse foi o quarto recuo consecutivo nos preços médios do grupo, o que ajudou a conter uma alta ainda maior da inflação no período.
Veja abaixo a variação dos grupos em dezembro:
Alimentação e bebidas: 0,13%
Habitação: 0,17%
Artigos de residência: -0,64%
Vestuário: 0,69%
Transportes: 0,69%
Saúde e cuidados pessoais: -0,01%
Despesas pessoais: 0,46%
Educação: 0,00%
Comunicação: 0,01%
PIB dos EUA acelera
A economia dos Estados Unidos cresceu em ritmo mais forte do que o previsto no terceiro trimestre, sustentada principalmente pelo aumento dos gastos dos consumidores.
Ainda assim, os dados indicam uma perda de fôlego mais recente, em meio ao encarecimento do custo de vida e aos efeitos da paralisação do governo federal ocorrida no período.
Segundo a estimativa inicial divulgada nesta terça-feira pelo Departamento de Comércio, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou a uma taxa anualizada de 4,3% no terceiro trimestre.
No segundo trimestre, o crescimento havia sido de 3,8%. O resultado superou as projeções de economistas consultados pela Reuters, que esperavam uma alta de 3,3%.
🔎 A divulgação do relatório foi adiada em razão da paralisação do governo norte-americano, que durou 43 dias, o que torna os números menos atuais. Mesmo assim, o levantamento mostra que os gastos dos consumidores — principal motor da economia dos EUA — cresceram a uma taxa anualizada de 3,5% no terceiro trimestre, acima dos 2,5% registrados no trimestre anterior.
Parte dessa aceleração está ligada à antecipação da compra de veículos elétricos. Muitos consumidores correram às concessionárias antes do fim de créditos fiscais que expiraram em 30 de setembro, benefícios que reduzem o valor pago na compra desses automóveis.
Após esse período, as vendas de veículos caíram em outubro e novembro, enquanto os gastos em outros segmentos da economia apresentaram comportamento irregular.
Os efeitos da paralisação do governo tendem a aparecer com mais força nos dados seguintes. De acordo com estimativas do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), a interrupção das atividades públicas pode reduzir entre 1,0 e 2,0 pontos percentuais do PIB no quarto trimestre.
Embora o órgão avalie que a maior parte dessa perda será compensada ao longo do tempo, entre US$ 7 bilhões e US$ 14 bilhões não devem ser recuperados.
Pesquisas também indicam que o consumo vem sendo sustentado principalmente pelas famílias de renda mais alta, beneficiadas pela valorização do mercado de ações, que aumentou o patrimônio desses grupos. Já consumidores de renda média e baixa enfrentam maior pressão financeira, em razão do aumento do custo de vida associado às tarifas de importação impostas pelo presidente Donald Trump.
Esse descompasso tem levado economistas a classificar o cenário como uma “economia em forma de K” — expressão usada para descrever situações em que diferentes grupos da economia seguem trajetórias opostas, alguns se fortalecendo enquanto outros perdem fôlego.
Esse mesmo padrão também aparece entre as empresas. Economistas apontam que grandes corporações, em geral, conseguiram absorver o impacto das tarifas, mesmo com o aumento de custos, e seguem investindo em áreas como inteligência artificial.
Em contraste, empresas menores enfrentam mais dificuldades para lidar com esses encargos adicionais, o que limita sua capacidade de expansão.
Bolsas globais
Os índices em Wall Street abriram em baixa nesta terça-feira depois que dados econômicos mais fortes do que o esperado elevaram os rendimentos dos Treasuries, pesando sobre as ações de tecnologia.
O Dow Jones Industrial Average caía 0,13%, para 48.299,87 pontos. O S&P 500 perdia 0,07%, a 6.873,80 pontos, enquanto o Nasdaq Composite recuava 0,09%, para 23.407,70 pontos.
Já os mercados europeus operam em um dia positivo, chegando a tocar um novo recorde impulsionados pelo setor de saúde.
O destaque fica para a alta expressiva da Novo Nordisk, que está subindo após obter aprovação nos EUA para seu medicamento oral para perda de peso, reforçando sua posição na disputa global por tratamentos contra obesidade.
Durante a manhã, o índice pan-europeu STOXX 600 avançava 0,2%, a 587,93 pontos. Entre as principais bolsas, o índice da Alemanha subia 0,1%, enquanto o da Espanha recuava 0,2%, refletindo um desempenho misto entre os mercados da região.
As bolsas asiáticas encerraram o dia com resultados variados. Na China, os índices subiram levemente, apoiados pelo avanço das ações de metais não ferrosos, em meio à disparada do preço do ouro para níveis recordes.
Também houve ganhos no setor de semicondutores, após notícias de que a Nvidia planeja enviar chips mais potentes para clientes chineses antes do Ano Novo Lunar.
Por outro lado, Hong Kong registrou queda, pressionada por perdas em empresas de tecnologia, como a Kuaishou, que sofreu um ataque cibernético.
No fechamento, o índice de Xangai subiu 0,07%, a 3.919 pontos, e o CSI300 avançou 0,20%, a 4.620 pontos. Em Hong Kong, o Hang Seng caiu 0,11%, a 25.774 pontos.
Outros mercados tiveram desempenho positivo: Nikkei, no Japão, ficou estável em 50.412 pontos; Kospi, na Coreia do Sul, ganhou 0,28%, a 4.117 pontos; Taiex, em Taiwan, subiu 0,57%, a 28.310 pontos; e Straits Times, em Cingapura, avançou 0,62%, a 4.638 pontos.
Funcionário de banco em Jacarta, na Indonésia, conta notas de dólar, em 10 de abril de 2025.
Tatan Syuflana/ AP
