Ana Maria Gonçalves toma posse na Academia Brasileira de Letras
A escritora Ana Maria Gonçalves, autora do premiado “Um defeito de cor”, tomou posse na sexta-feira (7) como a primeira mulher negra a integrar a Academia Brasileira de Letras (ABL) em 128 anos de história. Ela assume a cadeira 33, sucedendo o linguista Evanildo Bechara. Aos 54 anos, Ana Maria é também a mais jovem entre os atuais imortais e a 13ª mulher eleita desde a fundação da ABL, em 1897.
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Nascida em Ibiá, no Alto Paranaíba, em 13 de novembro de 1970, Ana Maria é filha de uma costureira e de um funcionário de laticínio. Na infância, se destacou pela curiosidade e pelo gosto pelos estudos.
Aos seis anos, escreveu uma carta carinhosa para a professora Elizabeth Fernandes, que guardou o bilhete por quase 50 anos — um símbolo precoce da sensibilidade literária que marcaria a trajetória da autora.
Antes de se dedicar à literatura, Ana Maria trabalhou 15 anos com publicidade. Abandonou a profissão para escrever Ao lado e à margem do que sentes por mim e, em seguida, o romance Um defeito de cor, vencedor do Prêmio Casa de las Américas, em Cuba (2007).
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O livro, de 952 páginas, levou cinco anos para ser concluído — dois de pesquisa, um de escrita e dois de reescrita — e é considerado uma das obras mais importantes para compreender a formação do Brasil. A narrativa acompanha Kehinde, mulher negra sequestrada no Reino do Daomé e escravizada na Bahia, inspirada em Luiza Mahin, mãe do abolicionista Luiz Gama.
Em 2024, o livro foi enredo da Escola de Samba Portela, no Carnaval do Rio de Janeiro, ampliando ainda mais o alcance da obra e do nome da escritora.
Além de escritora, Ana Maria é sócia-fundadora da Terreiro Produções, roteirista, dramaturga e professora de escrita criativa. Viveu oito anos nos Estados Unidos, onde publicou contos e ministrou cursos e palestras sobre questões raciais. Também foi escritora residente nas universidades de Tulane (Nova Orleans), Stanford (Califórnia) e Middlebury (Vermont).
Rio de Janeiro (RJ), 05/10/2023 – A escritora Ana Maria Gonçalves durante gravação do programa Trilha de Letras, da TV Brasil, na biblioteca da Maison de France, centro da cidade
Tânia Rêgo/Agência Brasil
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